domingo, 12 de fevereiro de 2017

RECOMEÇANDO EM GRANDE ESTILO...

Quanto tempo não apareço por aqui não é?! Como muita gente sabe fiz uma pausa nas viagens internacionais quando já estava no final da minha gravidez e hoje tô com um príncipe de 6 meses aqui no colo.. As mães de primeira viagem sabem que a vida se transforma quando se tem um filho.. Tempo?! Este quando sobra só quero minha cama.. rs!! Mas, recebi um tesouro em minhas mãos esta semana e preciso compartilhar.. Meu irmão me enviou relatos de sua viagem ao fim do mundo! rs.. Quem sempre sonhou conhecer a Sibéria?! Bem, eu nunca, nem sabia onde ficava no mapa..rs!! Já ele, finalmente realizou seu sonho de criança. Na minha imaginação lá era apenas um lugar frio e inabitável... Masss... depois que li as historias do Stenio fiquei estupefata com as coisas que lhe aconteceu... Só posso dizer que fico feliz que ele tenha voltado vivo desta aventura maluca e arriscada.. Como ele escreveu muitooo vou separar em 5 episódios.. A primeira parte é só um aperitivo do que está por vir...Tenho certeza que todos irão adorar...  À propósito não sabia que ele escrevia tão bem..!! Bem melhor que eu... rs



A Odisséia, não de Homero, mas do Stenio


Ao fim do mundo.. a saga!




 Rússia / Sibéria / Lago Baikal 
 

Parte 1 - Moscou


Há uns dias atrás, uma coisa me deixava intrigado, e havia em mim a estranha sensação de não saber bem a resposta. Tinha, às vezes, e ainda tenho a sensação de que viajo não por que eu quero, mas porque eu preciso, e essa famosa frase construída por mim mesmo, que só a Vanessa sabe, por vezes me engole e me carrega por aí. Mas vamos indo. 
 

Não sou dado a escrever, mas sim a ler, e muito, e isto me faz pessoa difícil. Desta vez resolvi escrever algo, pois acho que merece, e as considero simples impressões do fim do mundo onde estive... este meu relato, mesmo que um tanto confuso, deve ser lido até o final por àqueles, assim como eu, apaixonados pelo desconhecido.


Não poderia esconder sensações tão instáveis e ao mesmo tempo tomadas com todo controle e lucidez de quem decide propositadamente pagar pra ter problemas.


Rússia, poucos vão uma vez, quase ninguém duas, e Sibéria, sozinho, pior ainda, mas isso pode ser explicado se agora eu achar as palavras corretas.


Talvez, primeiramente, se trate mais de uma viagem para o descaso e maltrato comigo mesmo, justo eu, que tanto gosto das coisas boas, confortáveis e em ambientes devidamente climatizados, senti um desconforto que já não me era estranho, mas que aqui na Rússia me apareceu com toda força. Acho que lhes farei entender, mas só acho.


Como de costume, minha mochila, velha de guerra, que hoje saio com ela, pesa quase 10 kg, e a de ontem, mais leve, pesava mais ou menos uns 4kg, pois era pra um dia somente de andanças por Moscou. Até aí tudo bem. Então vi, ou melhor, percebi, que como sempre nessas viagens ando com "ela", carregando várias coisas, e a mochila de hoje, por estar bem mais pesada que a do dia anterior, já que está indo para Irkutsk (Sibéria), então deixei minha “companheira de viagem” por umas 2h na espelunca do meu Hostel de R$28 reais o quarto, para eu sair mais leve, tomar um café da manhã que tanto precisava e principalmente comprar um tênis, pois minhas botas estavam me dando bolhas de tão quente o chão, já que o verão russo mais parece um forno de padaria.






Pouco tempo depois de sair do meu dormitório coletivo, senti, de forma embaralhada, que eu estava estranho, cansado, inquieto, com o corpo pedindo algo, ou como se eu estivesse fora do prumo, me perdendo, e eu estava, pois percebi em pouco tempo o que deixava minha mente e meu corpo instáveis. Sentia falta do desconforto, do incomodo, e do peso “dela”, é claro, que tanto me maltrata, mas não suporta ficar parada ou jogada num canto.




Percebi, hoje, mais ainda por causa disso, que algumas pessoas se adaptam a tudo, outras à nada, e eu, jamais me adaptarei à sua falta. Deu vontade de logo voltar ao Hostel e pedir desculpas a ela, que tanto caminha, me ajuda se suja e se molha, e carrega mais do que eu preciso quando de nada precisamos se temos vontade de ver com nossos próprios olhos e conhecer com nossas pernas este vasto mundo, sob meu ponto de vista, duro, complexo e belo que consigo ver.


 A Rússia maltrata os amadores, turistas sem guias então padecem em confusão total, e inclusive quem aqui nasce, e mesmo dessa forma, eu não aceito não poder descobrir e conhecer tudo que eu quero. Talvez, parte dessa culpa, seja genética, talvez, do meu excesso de livros, de autores russos é claro, que souberam descrever o insondável, o indizível, e ir mais fundo nos subterrâneos das almas mais intensas, e, por isso, surtado fiquei como Dom Quixote. Então, Sibéria sozinho se torna uma pedida tranquila.



 Hoje ainda vou para Irkutsk, escrevo ainda sem ter chegado lá, talvez escreva depois, mas certo é que percebi desta vez que tudo é questão de despertar a alma das pessoas, e mesmo um russo, por mais congelado que seja, se desmorona sem precisar que o interlocutor saiba cirílico, pois eles somente precisam perceber, e isso se aplica em qualquer buraco do mundo que você se encontre, ainda mais que desta segunda vez na Rússia, já que a primeira eu estava com a Vanessa, minha bússola. Descobri que a palavra problema, em cirílico, sonoramente também é problema, e que assim partimos todos do mesmo ponto, e talvez cheguemos ao mesmo lugar. Mas quando digo lugar, é o lugar reservado para as pessoas que não aceitam não conhecer, não perceber, não entender que tudo no mundo está para ser descoberto, e que devemos formar nosso conhecimento pelos detalhes, detalhes estes que nos fazem ver, ao invés de olhar e que me leva à certeza de que o Homem precisa viajar.




Percebi também com certo grau de nostalgia e sensação de tempo perdido que depois de tudo que vi pelo mundo, e que ainda vejo, que meus livros de estória foram rasgados, talvez deveriam ser até queimados. Um segundo aqui, estou no aeroporto, pedi uma cerveja, o calor é forte, e o cara me trouxe uma que parecia havia sido tirada de um armário, e pedi pra trocar girando os dedos indicadores, e o cara trocou, mas me achou estranho, eu acho. Voltando, percebi que a estória que nos passam através dos livros legalmente credenciados foram escritos provavelmente por pessoas que talvez não foram ao fundo, e nem viram as complexas realidades in loco, simplesmente receberam a quinquagésima nonagésima milésima tradução de uma edição já deturpada pela inadequação entre a língua original e a nossa, e replicaram pra todos nós.


Percebi como é sem volta o caminho de alguns, e eu me incluo nesses, que tem um grande problema, ou solução, que é o descaso que sinto com o pouco, com as coisas superficiais, com o simples, com o fácil.



Percebi que a rotina pode congelar uma pessoa, o marasmo mata devagar, por isso sinto a angustia de querer estar sempre alto, longe, perdido e um pouco deslocado da normalidade mundana, já sabendo que se a Vanessa estiver comigo, se perder é raridade.

Ela também disse que toda viagem muda uma pessoa, e isso é fato, por isso às vezes não sei bem quem sou, mas sei que desde muito cedo fui contaminado pelo vírus do incerto, do estranho, do longe, sabendo que o perto é muito bom também, e que não quero jamais achar a cura. Conheço umas pessoas que também tem esse problema, uma tal de Vanessa, tal de Barbara e tal de Daniel. Por fim, quando vejo o enorme mapa mundi na parede em minha casa, o vejo como um amigo muito próximo que me chama a toda hora.




Ahhh, não se preocupem, ela está bem, apesar de velha, suja, com um pequeno rasgado e um pouco molhada. Se minha mochila falasse...



Até logo mais... 
Stenio

Um comentário:

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