Quanto
tempo não apareço por aqui não é?! Como muita gente sabe fiz uma
pausa nas viagens internacionais quando já estava no final da minha
gravidez e hoje tô com um príncipe de 6 meses aqui no colo.. As
mães de primeira viagem sabem que a vida se transforma quando se tem
um filho.. Tempo?! Este quando sobra só quero minha cama.. rs!! Mas,
recebi um tesouro em minhas mãos esta semana e preciso
compartilhar.. Meu irmão me enviou relatos de sua viagem ao fim do
mundo! rs.. Quem sempre sonhou conhecer a Sibéria?! Bem, eu nunca,
nem sabia onde ficava no mapa..rs!! Já ele, finalmente realizou seu
sonho de criança. Na minha imaginação lá era apenas um lugar frio e
inabitável... Masss... depois que li as historias do Stenio fiquei
estupefata com as coisas que lhe aconteceu... Só posso dizer que
fico feliz que ele tenha voltado vivo desta aventura maluca e
arriscada.. Como ele escreveu muitooo vou separar em 5 episódios.. A primeira parte é só um aperitivo do que está por vir...Tenho certeza que todos irão adorar... À
propósito não sabia que ele escrevia tão bem..!! Bem melhor que eu... rs
A
Odisséia, não de Homero, mas do Stenio
Ao
fim do mundo.. a saga!
Rússia
/ Sibéria / Lago Baikal
Parte
1 - Moscou
Há uns dias atrás, uma coisa me deixava intrigado, e havia em mim a estranha sensação de não saber bem a resposta. Tinha, às vezes, e ainda tenho a sensação de que viajo não por que eu quero, mas porque eu preciso, e essa famosa frase construída por mim mesmo, que só a Vanessa sabe, por vezes me engole e me carrega por aí. Mas vamos indo.
Não
sou dado a escrever, mas sim a ler, e muito, e isto me faz pessoa
difícil. Desta vez resolvi escrever algo, pois acho que merece, e as
considero simples impressões do fim do mundo onde estive... este
meu relato, mesmo que um tanto confuso, deve ser lido até o final
por àqueles, assim como eu,
apaixonados pelo desconhecido.
Não
poderia esconder sensações tão instáveis e ao mesmo tempo tomadas
com todo controle e lucidez de quem decide propositadamente pagar pra
ter problemas.
Rússia,
poucos vão uma vez, quase ninguém duas, e Sibéria, sozinho, pior
ainda, mas isso pode ser explicado se agora eu achar as palavras
corretas.
Talvez,
primeiramente, se trate mais de uma viagem para o descaso e maltrato
comigo mesmo, justo eu, que tanto gosto das coisas boas, confortáveis
e em ambientes devidamente climatizados, senti um desconforto que já
não me era estranho, mas que aqui na Rússia me apareceu com toda
força. Acho que lhes farei entender, mas só acho.
Como
de costume, minha
mochila,
velha de guerra, que hoje saio com ela, pesa quase 10 kg, e a de
ontem, mais leve, pesava mais ou menos uns 4kg, pois era pra um dia
somente de andanças por Moscou. Até aí tudo bem. Então vi, ou
melhor, percebi, que como sempre nessas viagens ando com "ela",
carregando várias coisas, e a mochila de hoje, por estar bem mais
pesada que a do dia anterior, já que está indo para
Irkutsk
(Sibéria), então deixei minha “companheira de viagem” por umas 2h na
espelunca do meu Hostel
de R$28 reais o quarto, para eu sair mais leve, tomar um café da
manhã que tanto precisava e principalmente comprar um tênis, pois
minhas botas estavam me dando bolhas de tão quente o chão, já que
o verão russo mais parece um forno de padaria.
Pouco
tempo depois de sair do meu dormitório coletivo, senti, de forma
embaralhada, que eu estava estranho, cansado, inquieto, com o corpo
pedindo algo, ou como se eu estivesse fora do prumo, me perdendo, e
eu estava, pois percebi em pouco tempo o que deixava minha mente e
meu corpo instáveis. Sentia falta do desconforto, do incomodo, e do
peso “dela”, é claro, que tanto me maltrata, mas não suporta
ficar parada ou jogada num canto.
Percebi,
hoje, mais ainda por causa disso, que algumas pessoas se adaptam a
tudo, outras à nada, e eu, jamais me adaptarei à sua falta. Deu
vontade de logo voltar ao Hostel e pedir desculpas a ela, que tanto
caminha, me ajuda se suja e se molha, e carrega mais do que eu
preciso quando de nada precisamos se temos vontade de ver com nossos
próprios olhos e conhecer com nossas pernas este vasto mundo, sob
meu ponto de vista, duro, complexo e belo que consigo ver.
A
Rússia maltrata os amadores, turistas sem guias então padecem em
confusão total, e inclusive quem aqui nasce, e mesmo dessa forma, eu
não aceito não poder descobrir e conhecer tudo que eu quero.
Talvez, parte dessa culpa, seja genética, talvez, do meu excesso de
livros, de autores russos é claro, que souberam descrever o
insondável, o indizível, e ir mais fundo nos subterrâneos das
almas mais intensas, e, por isso, surtado fiquei como Dom Quixote.
Então, Sibéria sozinho se torna uma pedida tranquila.
Hoje
ainda vou para Irkutsk, escrevo ainda sem ter chegado lá, talvez
escreva depois, mas certo é que percebi desta vez que tudo é
questão de despertar a alma das pessoas, e mesmo um russo, por mais
congelado que seja, se desmorona sem precisar que o interlocutor
saiba cirílico, pois eles somente precisam perceber, e isso se
aplica em qualquer buraco do mundo que você se encontre, ainda mais
que desta segunda vez na Rússia, já que a primeira eu estava com a
Vanessa, minha bússola. Descobri que a palavra problema, em
cirílico, sonoramente também é problema, e que assim partimos
todos do mesmo ponto, e talvez cheguemos ao mesmo lugar. Mas quando
digo lugar, é o lugar reservado para as pessoas que não aceitam não
conhecer, não perceber, não entender que tudo no mundo está para
ser descoberto, e que devemos formar nosso conhecimento pelos
detalhes, detalhes estes que nos fazem ver, ao invés de olhar e que
me leva à certeza de que o Homem precisa viajar.
Percebi
também com certo grau de nostalgia e sensação de tempo perdido que
depois de tudo que vi pelo mundo, e que ainda vejo, que meus livros
de estória foram rasgados, talvez deveriam ser até queimados. Um
segundo aqui, estou no aeroporto, pedi uma cerveja, o calor é forte,
e o cara me trouxe uma que parecia havia sido tirada de um armário,
e pedi pra trocar girando os dedos indicadores, e o cara trocou, mas
me achou estranho, eu acho. Voltando, percebi que a estória que nos
passam através dos livros legalmente credenciados foram escritos
provavelmente por pessoas que talvez não foram ao fundo, e nem viram
as complexas realidades in
loco,
simplesmente receberam a quinquagésima nonagésima milésima
tradução de uma edição já deturpada pela inadequação entre a
língua original e a nossa, e replicaram pra todos nós.
Percebi
como é sem volta o caminho de alguns, e eu me incluo nesses, que tem
um grande problema, ou solução, que é o descaso que sinto com o
pouco, com as coisas superficiais, com o simples, com o fácil.
Percebi
que a rotina pode congelar uma pessoa, o marasmo mata devagar, por
isso sinto a angustia de querer estar sempre alto, longe, perdido e
um pouco deslocado da normalidade mundana, já sabendo que se a
Vanessa estiver comigo, se perder é raridade.
Ela
também disse que toda viagem muda uma pessoa, e isso é fato, por
isso às vezes não sei bem quem sou, mas sei que desde muito cedo
fui contaminado pelo vírus do incerto, do estranho, do longe,
sabendo que o perto é muito bom também, e que não quero jamais
achar a cura. Conheço umas pessoas que também tem esse problema,
uma tal de Vanessa, tal de Barbara e tal de Daniel. Por fim, quando
vejo o enorme mapa mundi na parede em minha casa, o vejo como um
amigo muito próximo que me chama a toda hora.
Ahhh,
não se preocupem, ela está bem, apesar de velha, suja, com um
pequeno rasgado e um pouco molhada. Se minha mochila falasse...
Até logo mais...
Stenio
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